Columna publicada en diario brasileño Folha de Sao Paulo: «Malvinas, uma causa regional»

AdministradorMalvinas e Islas del Atlántico Sur

Após minha primeira visita ao Brasil como secretário especial para Assuntos das Malvinas e Atlântico Sul da Argentina, regresso ao meu país convencido de que o legítimo reclamo argentino sobre as ilhas Malvinas, Geórgias e Sandwich do Sul é um ponto de convergência dos sentimentos e interesses de nossos povos e nações.

No Atlântico Sul, Argentina e Brasil coincidem tanto na necessidade de proteger os recursos e as riquezas naturais da voracidade colonial britânica quanto na vontade de preservar a região como zona de paz, livre da presença de bases militares de potências extracontinentais.

Conheci o Brasil e sua gente durante o meu trabalho como ministro da Educação da Argentina e, antes disso, como estudante de mestrado, completando meus estudos nesse país que sempre recebeu os argentinos com generosidade e afeto.

Estou convicto de que, cada vez mais, somos donos de nosso destino, o qual forjamos com vocação de paz e sem a necessidade de tutela por parte de potências centrais que historicamente apostaram na fragmentação da América do Sul como forma de perpetuar sua presença no continente.

A ocupação britânica das Malvinas não é apenas uma ferida sobre a integridade territorial argentina: é uma afronta para toda a região. Soberania e biodiversidade, assim como a possibilidade de paz e cooperação entre os países que compartilham o Atlântico Sul se encontram ameaçadas com o crescente desenvolvimento militar do Reino Unido nas Malvinas.

O Brasil acompanha a Argentina em seu reclamo desde 1833. O apoio manifestou-se em todos os foros internacionais que compartilhamos –Mercosul, União das Nações Sul-Americanas (Unasul), Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Grupo dos 77 mais a China, Organização dos Estados Americanos (OEA), Organização das Nações Unidas (ONU) e outros.

As autoridades brasileiras concordam que é preciso reabrir o diálogo direto e bilateral sobre a questão das Malvinas com o Reino Unido. As medidas concretas que o Mercosul adotou a fim de evitar as ilegítimas atividades militares e econômicas na região são demonstrações de solidariedade permanente.

O governo e o povo argentino agradecem profundamente o firme apoio que o Brasil nos presta. Entendemos tal apoio não somente como uma profunda vocação de solidariedade, mas também como a convicção compartilhada de que esse obstáculo anacrônico do colonialismo em pleno século 21 é um flagrante desconhecimento da plena soberania dos países que formam a América do Sul.

DANIEL FERNANDO FILMUS, 59, sociólogo, foi ministro da Educação, Ciência e Tecnologia da Argentina (2003-2007) e presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado argentino.